terça-feira, 30 de junho de 2009

Vem

Estou a tua espera!!!

Vida sem ti

O que posso fazer sem o teu amor
Sem a tua presença fresca e absoluta
Sem o teu olhar derradeiro em mim
Sem ver os teus olhos a brilhar
Sem o teu cabelo torcido em mim
Que posso eu fazer?
Posso gritar que não me ouves
Fugir e não me procuras
Voar e não me acompanharás
Ter medo sem que me afagues
Cantar poesia sem que leias
Dizer que te amo sem que me entendas
Mudar o mundo sem que dês conta disso
Posso morrer até sem que o sintas
Que posso eu fazer?
Tudo.
Beber o mar, sugar o céu
Comer a terra e beber o seu núcleo
Suportar a dor de te perder
Suportar tudo o que possas fazer
Só para te ter.
Viver o teu mundo como se fosse meu
E me anular em ti.
Deixar a vida porque te quero
Deixar o mundo porque te amo…
Deixar-me a mim porque tu és o que sou

As palavras que sempre te direi

Há tantos mistérios tantas loucuras,
Loucuras de amor, loucuras de tédio,
Há até quem sabe loucuras de loucuras,
E loucuras sãs quem não as tem?
E de tanto falar em loucura
Que não posso perder o que de mim existe
Perder a vida que em ti achei
Mas é na morte que vejo o quanto te amei
Quero perder-me novamente no teu sorriso
Saber que a vida está ainda para nós
Saber que o futuro sorri ao teu lado
E que nenhuma nuvem se irá interpor
Mudo o mundo do avesso
Mais do que se fazer, aconteço.
Expiar todo o mal queimá-lo
Derreter ainda as cinzas do que restou
Joga-las ao mar com a maior pedra de jasmim
Resgatar mais tarde o óleo perfumado que ficou
E entregar-to numa palma de ouro do que sobrou.
Tu que és dama e princesa e rainha e tudo em mim.
Oh princesa do meu castelo abandonado
Onde já cactos anseiam por uma chuva que inerte,
Esse castelo que fui destruindo, que caiu pedra entre pedra
Que agora quero reconstruir devolvendo a água
Colhendo as pedras, bebendo o cimento que parti.
E quando a voz falhar da secura do Estio
Saberei que me expiei de todo o mal
Saberei que estou livre para te amar
Saberei que enfim terei a paz que me tiraste.
Olhei-te e os teus olhos estavam frios
E as tuas mãos geladas… e teu coração…
Ai, o teu coração… partido em mil pedaços
Peguei nalguns quis coloca-los por fim
Mas o que podia fazer se não me eram a mim
Ouves vozes que atordoam, ouves o velho do Restelo
Mas, olha vê! Foi um erro tê-lo…
Vê, quão longe vão os homens sem medos
Conquistamos o mundo vencendo Adamastor
Não o podemos fazer sem dor…
Quero que sejas mais para mim
Sai desse tumula onde te meti
Sai ninfa bela e solúvel
Que desfiaste em mim
Deixa-me amar-te como Romeu
Não pressa é querer, o tempo não espera
A vida não pára, o coração apenas gela, e eu…
Parou o sangue que há em mim
Faço-o ferver em poesia
Em montes que há muito não ia…
Peguei-te na mão inconstante
Que queria e não queria, se ficava ou se iria
Acabaste por sair, num madeiro me deixas
Ali com sede de ti, onde nem o vinagre
Me salva e nem a lança me afecta
Já não sinto dor, não sinto o coração
Parei e tudo o que faltava… eras tu.
Mas tu não entendeste,
Não viste que o verdadeiro amor
Não se chama, mas alguém haverá de o chamar
Porque todos o chamam mas ninguém sabe o seu nome.
Imploro o teu amor, e jogas-me entre leões
Imploro a tua presença viras-me as costas
Imploro por ti, e tu atas fogo em mim
Imploro imploro imploro e tu nada dizes
Nada fazes, nada vês, nada ouves, nada queres…
E eu fico a pensar se te persigo, ou se apenas quero que me entendas
E penso que não devo falar-te, não devo ver-te,
Não deve amar-te, não devo, não devo , não devo…
Será que me entendes…
Será?
Será que não te perdes-te entre zombies famintos,
Será que apenas ouves o que queres ouvir?
Adeus meu amor.
Amo-te…

sábado, 27 de junho de 2009

Medianos

Há trigo que não será pão,
Há pão que não será vida.
Há vida que será morte
E morte que será vida.
Há mel que será fel
E fel que será mel.
E mar que será terra,
A terra e o céu
No que resta de tu e eu.

"Antunes Sarmento"

Dito

A esperança morreu num qualquer lugar deixado ao acaso
Silenciosa e solitária aquela gruta no meio do meu mar perdido
Onde a minha consciência incandescente se reergue na dor
Ouvi gritos a terra estremeceu no mais fundo vulcão
Não a mestre algum ou comandante
Que de seus olhos emane luz invisível estranha e sinistra
À qual ainda ninguém viveu para contar
Oculto invisível na sua árdua tarefa
Corre corre infeliz vai foge da tua própria sorte.

"Antunes Sarmento"

Trevas

Quis sair
Quando parti
Fiquei com ferro na alma
E nos olhos um ouro brilhante
E nas mãos uma sede.
Ouvi sinos
Ouvi montes cantantes
Ouvi o mudo que falava
Calei-me
Desci a um inferno
Quis matar o fogo
Quis beber o sangue
Sofri
Perto no mar
Navega já alto a proa
Fiquei
Ao longe sabia
As velas que veria
Choveu
Havia tanta dor ali no mar
Afoguei-me em mim mesmo
Morri.

"Antunes Sarmento"

Parte

Não quero sentir
Nesta noite inacabada
Onde o bréu grita
Por entre a trovoada.
Não quero seguir,
Quero aquela estrada,
Quero-te a ti,
Minha donzela amada.
Mas dormes,,,
Naquela bela enseada
Queria falar-te,
Mas dói-me o meu nada.

"Antunes Sarmento"

Hoje

Hoje estou criança perdida no meio da multidão
Aquela mão perdeu-se entre as gentes,
Tudo tão fúnebre na solidão
Fiquei sentado, ali, à tua enorme leveza, quente.

Não!

Saí corri para te encontrar, em águas, eu criança,
E de sem querer tropecei, numa esperança.
Um velho me disse: “- Porquê choras nessa andança?”
Perdi-me entre uma e outra dança.

Não!

Que raio de escrita me irrompe pela alma!
Era uma doce e eterna calma.
Era a paz em que morria.
Era a vida que me fugia!

Não!

Era eu!

"Antunes Sarmento"

Tempus

Passeava no meio de uma tempestade,
Onde já pouco queria, e nada desejava,
Ousei olhar o céu! - Mas já era tarde.
Quis correr mas a lama me arrastava.

Foi assim que o abismo vi.
Cheio de espinhos, amarras e fogo
Onde amar é apenas logro.
Quero agora na morte dizer o senti.

Sinto poesia amarrada à morte
Sinto a morte amarrada aqui.
Sinto o fim perto do mar
Sinto o mar rodeado em si.

"Antunes Sarmento"

THEOS

Não sei se me encontre, ou se me perca em mim
Pois sempre que me encontro, perdido me tenho.

Ceifei tudo o que poderia ser fim,
Não quis nada que me fosse virtude.

Pisei parcos perdidos mistérios
Da mesma massa onde em que morri.

Quis ser sábio quando era louco
Quis ser louco e já estava em mim.

Quero o que me resta da vida
Se é que há vida na palma que resta.

Quis o destino que o tédio fosse
Prisão sarcástica que venda e amarra.

Fugi, caí, desisti.
Vi que morri.

"Antunes Sarmento"