Salubre

Quando todos partem na noite escura
fico vagando, perdido caminhando
sem sair do lugar, sem poder sonhar.

Tercinas correm dentro de mim
onde nuvens perdidas morrem
faltando-me apenas um serafim.

Cabelos lisos, para lá dos rios
lábios sedosos, finos formosos.
Perdido! No meio de fios.


 

Eu nunca te deixei

Correm almas veloses pelas ruas
almas despidas de fé,e esperança
pisam-se gentes em rodas charruas
eu fico-me vago em longa dança.
olho o meu céu, e sigo só.
Mas olho-o sempre que saio à rua.
Tocam almas Sol Si Dó,
falta uma presença, a tua.
se escrevo em quatro versos,
quantro paredes me escravizam.
Se me deito em seda e linha,
sonhos perdidos em triste vinha.
E porque o Mundo é uma roda
não quero sentir o que me sobra!

Como?

Explica lá.
O que em ti te sobra,
O que me a mim me falta?
Explica lá.
Em que somos diferentes,
Se somos ambos, apenas entes.
Como é que posso?
Se tu não deixas.
Como é que eu faço?
Se eu não sei.
Como te alcanso se tu me foges,
Como te falar neste barulho?
Como te amo, se tu não deixas.
amo-te.

Sabemos

Parámos.
Abri uma janela.
Ouvia-se ao fundo o mar
O ar esse frio.
Toquei-te entre hesitação e medo.
Tímidos como se nunca o tivéssemos feito!
Há anos que amo, e há meses que te perdi!
Falemos, conquistemos tudo: juntos, até o Mundo!

Não

Dá-me a tua voz.
Deixa-a sentir
quando te perco em mim.
Deixa que te oiça,
deixa que sinta embora longe.
Deixa.
Fico  louco se não te ouço.
Não fiques. Deixa que a tristeza
não te impeça.
Deixa que os corações se unam.

Pensei

Ouço a voz de alguém quando durmo.
Acordo!
Vejo um lugar vazio.
Rodo em mim  duas vezes.
Amanho a almofada.
Esfrego os olhos.
Dormir é impensável.
Sonhar é pesadelo.
Escrevo aqui se me atrevo.
Deixo no pensamento porque te quero!

Assim

Mesmo que não lido,
Mesmo que não visto
Continuo por aqui…
Pois nem fazendo o melhor
Nos reconhecem cor…