quinta-feira, 13 de março de 2008

Pugnam

Existem tantas coisas soltas
Tantas outras presas em nós,
E na divergência sangramos,
Nuvens se acumulam, escurecem-nos.
Trevas inoportunas, nos afrontam!
Perdemos o Este,e o Sul...
Soltamos raivas perdidas no Mundo.
Choramos!
Passam horas sopra o vento, e a tempestade!Vem.
Saímos à rua e raios partem-nos e ferem-nos,
E existem chuvas ácidas que nos queimam e desfazem,
Vento em rajadas impede-nos de seguir em frente,
Os olhos cegam de tanto nevoeiro,
E no auge... Soltam-se árvores, partem-se ramos...
E nós no meio da rua!
Capas ao vento rasgadas, farpas cravam-se na pele endurecida pelo frio.
Agua brota dos olhos expostos ao vento,
Existem pulsões,ruídos, gemidos de zinco solto na rua.
Parámos!!!
Amena a tempestade, corre serena, agora a brisa.
Telhados voaram, há vidros no chão, sandálias gastas no tempo,
As capas...
Silêncio. Ouvimos. Afastamos o lixo, abrimos caminho!
Rompemos em desalento, de feridas abertas,
Seguimos em frente, e os escombros continuam.
Afastam-se as nuvens, um raio de sol sorri...
Olhemos contemplativos.
Se amar acontece, é por ti...

sábado, 8 de março de 2008

Dias contados em Sevilha

24-02-2008

Primeiro dia sem ti,
Um vazio dentro de mim
Surge a vontade de te ver
De te querer…
Do teu corpo macio em mim
Do toque da tua pele nos meus lábios…
Do perfume do teu corpo…
E entre castelhanos ímpios sinto a falta…
A claridade da tua voz
Da luminosidade da tua presença…
A vontade de te fumar…
Desesperadamente entre um sorriso…

25-02-2008

Nada no céu ou na terra
Nos pode ensinar!
O entendimento de agitar dois corações
A vergonha de ter que escrever
Aquilo que desmesuradamente se quer
Dizer…



Olhando-te no fundo do fogo
De um olhar esventrado em água de mar…
Sentindo que querer-te mais é devorar-te…
Olho dois quadros pretos…
Quero-te… e acho-te tão longe…
E ao querer-te mais ainda te acho,
Entre artérias e pulmões cheios do fumo de uma paixão…

26-02-2008

É-me tão caro escrever em rasgos
De Poesia…
Pois sangro sempre que escrevo,
E escrevo tudo o que sangro,
Quero-te deixar-te para logo
Maldito ego…
Quero afastar-te…
Com a força de um cometa…
Quero ter-te! Anjo de luz
Como se possui a vida…
E amar-te como se ama um filho…
Querer ter a tua beleza sublime
Impressa em mim…

27-02-2008

Há festas nas ruas de Sevilha
O quarto ficou!
Sinto-me cansado, doí-me o cabelo.
Escorrem duas cortinas de sangue pela janela…
Entre três sofás de fogo sento-me no maior…
Quero falar contigo!!!
Há à volta dos olhos cinza…
Que se forma por entre horas de sono acordado…
Durante o dia entram mil palavras
E por vezes perco-me no meu próprio pensamento!
Não oiço as palavras torno-me zombie,
E gosto.
Chegou a noite e o silêncio, o momento de te contar o meu dia… Assim…

28-02-2008

E na saudade, um mar de alento…
A certeza que és parte em mim,
Feita de carne e jasmim,
Onde até o sol é vento…
E mais que sincronia…
Noite que sem ti, já não é dia,
Perdemo-nos aqui e ali,
Esquece-se o sentido
Deixa-se o segundo, a hora.
Mede-se tempo,
E o metro torna-se légua.
E a légua eternidade…
E a eternidade torna-me velho!
E na velhice torno-me sábio
E na sapiência encontro o amor…
Mas no amor é a ti que vejo…
E ao ver sinto saudade.

29-02-2008

E porque neste dia só posso escrever
Que no próximo quartel que advier
Te direi o mesmo de esta hora,
Em alegres sarças frémitos delirantes.
Apenas o é porque o tempo demora!
Em acordar o dia com o canto,
Em adorar a idolatria vã.
Faço-o e entendo tanto quanto constato.
Que a natureza em si não se vence,
E une e aparta a carne!!!
Sigamos…
Irremediavelmente, afincadamente…
Unidos…
Vindo de um mar mutante,
Convencional e ténue,
Lúcido e de uma eloquente simplicidade…

01-03-2008

Quis o fado que fosse
E que o meu destino se selasse,
Quis o destino que te tivesse
Apenas para te ter…
Possuir-te de forma insana…
Com alma de ternura cheia…
E uma brasa cheia de ti.
Sem ti não quero a liberdade,
Sem ti não quero vento na fronte…
Quero ver-te e tocar-te ali e aqui e acolá…
E puder chamar-te apenas sem ter que o dizer…

02-03-2008

Encerramos em nós tal criatura
Que nos mata e prende
Às paredes de uma vida consentida
E sem sentido por vezes…
Sendo o melhor nem isso basta!
Quero mais que o mundo todo
Quero o que está para além das estrelas
Quero sugar buracos negros
Atrever-me a ser diferente…
Ser superior sendo igual
Causar inveja.
Sentir que sou para além de mim nos outros
Expiar-me no maldizer e ser lembrado.
Fantástica criatura!!!
Eu. Quero morrer e
Que se sinta rancor por tal acto,
Que me invejem todos e que todos me lembrem!!!