quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quebra

Mesmo que pouco seja do que na tela pintaste de mim
E que na àgua dos teus olhos o grosso sal
Anteveja a angústia sórdida e pérfida do fim
Eu te peço, meu amor, não quebres o encanto
Mesmo que os tempos não sejam mansos
Que em quimeras, devaneios, loucuras sábias e afim
Fomos construindo o que somos, construindo o que sei
Eu te peço, meu amor, não quebres o encanto
Mesmo que ambos saibamos que a ausência e a conjura
Darão à luz o ciúme, insegurança, amargura
Eu, no entanto, eu te peço, meu amor, não quebres o encanto
Não permitas que se esconda
Que se envolva em sensatez
Que o sonho seja vencido,
Dominado pelo medo
De sofreres mais uma vez.

"Antunes Sarmento"

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